Ser ou não ser professor titular...

Este não é com certeza um tema gasto, embora já se tenha dito e escrito muito sobre ele. Parece que se tem falado mais do que escrito e incomoda ver que o comentário é feito em surdina. Por isso não se pode deixar de admirar quem ergue a voz e aponta o dedo ao que considera errado ou quem numa atitude coerente se recusa a pactuar com a injustiça e a incoerência, como fez Teresa Martinho Marques na sua Crónica "Despedidas" publicada no nº 303 do Correio da Educação, da qual tomo a liberdade de citar o início e convidar os interessados a ler o restante, porque ela merece.

"Não gosto de dizer adeus. De fechar portas. De virar costas.
Nunca gostei.
A vida acaba por ser um fio contínuo e infinito com chegadas e partidas pelo meio, mas sem despedida(s) em ponto algum do caminho.
No amor, na profissão, na morte... partir e chegar são as palavras que se inscrevem alternadamente na estrada, ficando marcadas nela todas as pegadas, todos os rastos.
Partiu, por exemplo, para já, a hipótese de poder vir a desempenhar certos cargos. Dirão vocês: tu assim quiseste. Quem te mandou dizer não?
Sim, efectivamente. Mas eu não desejava ter de escolher, não com as condições e os critérios impostos, não com esta ideia de duas linhas de água paralelas: uma, rio; outra, apenas riacho. Preferia o bom senso, a competência provada em vida inteira e não em parco pedaço, o mesmo valor para cada escolha. O respeito pelos que mais viajaram.
Partida sim. Foi-se a possibilidade. Mas despedida não, porque confio, apesar de tudo, numa inteligência qualquer que um dia corrija os erros graves que estão a ser cometidos(...)."

2 Comentários:

Anónimo disse...

Esta história ainda vai dar muito que falar. Abriu-se uma porta de forma completamente errada e não sabemos quando vamos fechar outra nem o que fica entre uma e outra. O certo é que ficam muitos de fora e nem sempre as escolhas foram as melhores... como brevemente se verá...

Teresa Martinho Marques disse...

Não podia deixar de agradecer (confesso que foi outra a pessoa que descobriu esta referência e partilhou comigo)estas palavras aqui deixadas sobre mim. Não foi um período fácil, e fui muito pressionada (acenaram-me com o "e se um dia ficas sem emprego?" e outras coisas que tais) mas felizmente foi-me possível encontrar na convicção pessoal, e na certeza do absurdo que se vive, a força para me manter fiel a princípios de que não quero prescindir depois de ter lutado persistentemente contra esta divisão absurda da carreira. Depois de uma vida de mais de 20 anos dedicada com amor à causa, quase sempre em cargos de coordenação e no Conselho Pedagógico, mas sempre também com os meus meninos de que não prescindo, não encontrei saída possível. Saber que uma colega minha de 10º escalão não ficou titular por ter apenas 94 pontos e, pelo contrário, todos nós os do 9º entraram (excepto eu por não ter querido) é algo que me revolta. Obrigada, mais uma vez, pelo carinho da referência que me faz sentir menos só pelo caminho. Abraço.